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Áudios mostram militares falando sobre golpe e deixam clara a intenção do grupo de Bolsonaro

Segundo a investigação da Polícia Federal, Mario Fernandes, general da reserva e ex-número 2 da Secretária-Geral da Presidência, foi o articulador do plano

Publicada em 25/11/2024 às 09:15h - Jornalista Kaenga

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O programa Fantástico teve acesso exclusivo a 55 áudios que circulavam em um grupo de militares de alta patente. Segundo a investigação da Polícia Federal (PF), esses áudios revelam uma trama golpista planejada após o segundo turno das eleições de 2022.

Conforme a PF, o general da reserva Mário Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência, seria o principal articulador do plano, que incluía uma conspiração para assassinar o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

“Qualquer solução, caveira, tu sabe que ela não vai acontecer sem quebrar ovos, sem quebrar cristais”, diz áudio atribuído ao general Mário Fernandes.

O general se mostra exaltado em várias conversas. 

“Tá na cara que houve fraude. Tá na cara. Não dá mais pra gente aguardar essa p...”. Mário Fernandes.

Nesse áudio, de 4 de novembro de 2022, ele alega, sem provas, que houve fraude na eleição. Pessoas próximas a Mario Fernandes e oficiais do Exército responderam assim: 

“Eu tô pedindo a Deus pra que o presidente tome uma ação enérgica e vamos, sim, pro vale tudo. E eu tô pronto a morrer por isso”, afirma participante do grupo, não identificado. 

“O presidente tem que fazer uma reunião com o petit comité. Esse pessoal acima da linha da ética não pode estar nessa reunião. Tem que ser a rataria. Tem que debater o que vai ser feito”, afirma um oficial do Exército.

A investigação afirma ainda que os acampamentos em frente a quartéis no final de 2022 faziam parte de um movimento orquestrado pelos militares e que o general Mário Fernandes se comunicava frequentemente com esses grupos. 

“Talvez seja isso que o alto comando, que a defesa quer. O clamor popular, como foi em 64. Nem que seja pra inflamar a massa. Para que ela se mantenha nas ruas.”, afirma o general em áudios que circulavam nos grupos golpistas.

Em um outro áudio, Fernandes disse que teve uma conversa com o então presidente Jair Bolsonaro, sobre a diplomação da chapa Lula e Alckimin, no TSE: 

“Durante a conversa que eu tive com o presidente, ele citou que o dia 12, pela diplomação do vagabundo, não seria uma restrição? Qualquer ação nossa pode acontecer até 31 de dezembro. Tudo. Mas aí na hora: pô, presidente. A gente já perdeu tantas oportunidades”, mostra o áudio.

No dia 12 de dezembro, data da diplomação, manifestantes tentaram invadir o prédio da PF e incendiaram carros e ônibus em Brasília.

“O senhor me desculpe a expressão, mas quatro linhas é o c... Quatro linhas da constituição é o c... Nós estamos em guerra, eles estão vencendo, está quase acabando e eles não deram um tiro por incompetência nossa”, afirmou um oficial do Exército. 

SOBRE A INVESTIGAÇÃO

A investigação apontou que o agente da Polícia Federal Wladimir Matos passou ao grupo que planejava o golpe de estado informações sobre a equipe de segurança e a localização de Lula.

A investigação da Polícia Federal, concluída na quinta-feira (21), resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, o general Walter Braga Netto, Augusto Heleno, Anderson Torres, Valdemar Costa Neto e Alexandre Ramagem.

O Fantástico tentou contato com as defesas do general Mário Fernandes, do policial federal Wladimir Matos e do tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, todos presos, mas não obteve retorno.

Em nota, a OAB reafirmou apoio às instituições e à Constituição, pedindo que lideranças políticas desestimulem atos de violência. A AJUFE e a AMB também condenaram ameaças à segurança de agentes públicos e defenderam a independência do Judiciário como essencial à democracia.

 




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