Na última sexta-feira (09) o Brasil viveu aquela que já é considerada uma das piores tragédias aéreas do país, a queda de um avião bimotor com 62 pessoas a bordo na qual não houve sobreviventes. O acidente ocorreu na cidade de Vinhedo, interior de São Paulo.
Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da Voepass, é turboélice com capacidade para 68 lugaress. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, que é uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida. De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h.
O voo 2283, operado pela companhia aérea brasileira Voepass, partiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. A duração habitual para esse percurso é de cerca de duas horas. Porém, uma hora e 26 minutos após a decolagem, às 11h56, horário local, ele havia desaparecido do radar.
O avião caiu em uma área residencial da cidade de Vinhedo, cerca de 80 km a noroeste da cidade de São Paulo, às 13h25, horário local. Apesar do local da queda, não houve nenhum morador ferido.
Segundo informações da plataforma de monitoramento de aeronaves Flightradar, o avião fez uma curva brusca nos momentos finais do voo e caiu aproximadamente 4 mil metros em cerca de 1 minuto. Ainda, segundo o site, a velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
Segundo os bombeiros, a aeronave caiu "de barriga" no chão, e ficou com a cabine de passageiros "esmagada". Além disso, o avião ainda pegou fogo logo após a queda.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) levou, na noite de domingo (11), os motores do avião que caiu em Vinhedo (SP) com 62 pessoas a bordo para São Paulo. Eles serão levados para uma base do órgão, na capital, onde passarão por análise.
O Cenipa prevê divulgar, em até 30 dias, o relatório preliminar sobre as causas do desastre aéreo que provocou a morte de 58 passageiros e quatro tripulantes. A Voepass informou, em nota, que acompanha o trabalho no local do acidente e aguarda liberação do Cenipa para "iniciar o processo de remoção dos destroços".
Durante todo o final de semana vários corpos das vítimas foram reconhecidos e liberados para as respectivas famílias.
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol (que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar), segundo especialistas.
O estol é uma situação na qual a asa perde completamente a sustentação útil, o que causa a queda brusca do avião. A depender da altitude e da condição, é possível recuperar a altitude em voo.
O estol pode acontecer, por exemplo, por formação de gelo sobre as asas, e na rota dessa aeronave havia essa formação, segundo pilotos ouvidos por veículos de comunicação.
Os especialistas avaliam que a formação de gelo sobre as asas pode ser uma das hipóteses. Apesar disso, todos são unânimes em afirmar que não existe um único fator que cause um acidente e que é prematuro tirar conclusões a partir dos vídeos ou das informações divulgadas.
Em nota nesta manhã, a Força Aérea Brasileira (FAB) informou que os investigadores do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluíram hoje (12) os trabalhos em Vinhedo (SP). "Desse modo, a investigação do acidente aeronáutico segue sendo realizada, com o levantamento de outras informações necessárias, a fim de identificar os possíveis fatores contribuintes", diz a FAB.